domingo, 8 de janeiro de 2012

DIÁRIO DE BORDO - 1º

Este texto, inspirado em poesia, é o primeiro de uma sequência de 8 textos, que juntos se chamam 'O diário de bordo do soldado nº7'. É um tanto metafórico, e remete ao sujeito que viu como somos do lado de fora. Tudo parece lindo, mas aqui sempre apodrece no final.
Ele e outros textos você encontra no do-con-tra.blogspot.com.
Esse é o primeiro post na parte POESIA DE BOTECO, onde pretendo descarregar uns versos toscos ou textos ficcionais.
Agradeço muito pela oportunidade e atenção!




Mascaras de oxigênio caindo em 3, 2, 1...
"Acho que perdemos pressão na aeronave." - comenta o Soldado.
Apertem seus cintos.
O Soldado sabe que a hora que a frente começar a apontar para baixo, as chances de recuperação são nulas.
Se estamos voando o que foi que nos acertou?
Acho que essa mania de estar voando baixo é um problema muito sério.
Ou seguimos voando a muitos pés de altura. Ou vamos por via terrestre d'uma vez.
Quando vamos via chão encontramos muitos seres de espécies que pra nós parecem tão peculiares. Tão únicos.
Cada face é tão diferente, tem tantas marcas, tantos sinais, tantas manias.
Acho que eles devem achar, igual achamos nós, que todos eles são parecidos, quase iguais.
Passam uns pelos outros como se não vissem nada, enquanto nós daqui de dentro ficamos pasmos com tanta singularidade.
Eles olham pro chão, aposto que não enxergam nada dos outros. E eu olhando pra todos.
Acho um absurdo. Ignorar tantas coisas assim.
Me entenda, eles são diferentes. São espécimes diferenciadas. Tem cores, cheiros, formas e com certeza histórias, que eu gostaria tanto de saber, de ver, de ouvir, sentir.
Dá pra ver que cada cicatriz tem um acidente por trás, cada fio sem cor no cabelo é uma forma de estresse.
E os mais velhos... Dá pra ver sabe? Eles são como eu, do jeito deles, mas eu sei pelo olhar que eu curiosamente nunca me aprofundei, mas eles são cheio de manias. Assim como eu. Acho que entendo porque não se olham. Cada um tem suas manias, muitas vezes as nossas manias e nosso egoísmo não nos deixa conhecer e adotar as manias do outro.
Ah! E engraçado. O chão deles é muito colorido. Se bem que, se estamos um pouco mais alto, fica cinza no geral, quase preto.
Não estava entendendo porque o solo era tão colorido, e tão mutável. E foi então que vi um deles soltando ao chão algo, uma embalagem talvez, que protegia algum produto perecível.
E ao longo de umas viagens, comecei ver que todos a longo prazo acabavam fazendo isso. Desembrulham algo, e deixavam sua proteção ir ao chão. Bom, conclui que deve fazer bem ao solo certo? Por vezes passamos próximo a latões de lixo! Sério, eram muitos latões de lixo, igual os que temos. E quase nenhum deles despejava suas necessidades lá dentro. Logo calculei, devia fazer bem ao solo receber tantas matérias inutilizáveis. Pensei em... como fala? Esterco, adubo? Que é feito as vezes de fezes animais.
Mas me deixava louco ver que as vezes o solo tinha produtos de diversas cores, e era só nossa aeronave elevar um pouco que todas as cores ficavam cinza, preto. E as coisas no chão, todas se pareciam uma só.
Eu achei bonito na época.
Mas percebi, logo depois, que foi bobeira minha comparar aquilo com adubo e não com entulho.

Diário De Bordo.
Outro planeta, mesmo mundo?
Capítulo 1.
Soldado 7.
A viagem entre nós mesmos.

1 comentários:

Enzo Schneider disse...

nossa! Quando irao colocar os outros 7 que faltam? Prazeroso ler as coisas que voces escrevem, parabens pelo trabalho. - Enzo Schneider.

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