domingo, 6 de novembro de 2011

Bullying, da hostilização ao suicídio

O bullying nas escolas, ambientes de trabalhos, vizinhanças têm sido cada vez mais crescente, e com a potencialização da internet cresce o número de casos de cyberbullying. Mas até que ponto a sociedade irá tolerar isso? Números apontam para um panorama assustador de crescentes tentativas de suicídio, casos de automutilação, revolta e distúrbios psicológicos.
A palavra inglesa Bullying, é uma variação da palavra de mesma língua, bully que significa valentão em português. Mas o que isso realmente significa? Bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder.
O bullying pode ser dividido em duas categorias: direto, onde a agressão é praticada principalmente por meninos; e indireto onde o mesmo é praticado principalmente entre mulheres e crianças. O bullying indireto, também chamado de agressão social, pode ser caracterizado pelo objetivo do agressor, que é isolar socialmente a vítima. Alguns meios usados por quem pratica esse ataque social podem ser:
  • espalhar comentários;
  • recusa em socializar-se com a vítima ou intimidar outras pessoas que desejam fazê-lo;
  • criticar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos (incluindo a etnia da vítima, religião, incapacidades, deficiência, etc.).

Menino sendo hostilizado por colega
A escola deveria ser o local onde as crianças vão para aprender, conviver em sociedade e com as diferenças, superar seus medos etc. Deveria! Mas não é isso que o estudo feito pelo Núcleo de Análise e Comportamento da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com 245 crianças aponta, ao contrario, 33% dos avaliados dizem não se sentir seguros no ambiente escolar. E outra pesquisa feita pelo Ceats (Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor) aponta que 70% dos alunos já viram cenas de agressões na escola, onde 28% foram as próprias vítimas.
Mas a prática dessa violência não ocorre somente nas escolas. Na vizinhança, no local de trabalho, entre outros, prática têm se disseminado. Com a popularização da internet, surgiu ainda um novo local onde agressores muitas vezes se privilegiam de um suposto anonimato para aterrorizar outros internautas; o bullying na internet, ou em quaisquer outra tecnologia da informação, tem um nome específico, o cyber bullying, que consiste também de agressões indiretas, onde a imagem da vítima pode ser denegrida, a mesma pode ser ameaçada ou humilhada. Uma pesquisa feita pela Ceats (Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor), a pedido da ONG Plan, com alunos de quinta a oitava série do ensino fundamental em escolas de todo o país, no ano de 2009, mostra números assustadores:
  • 17% já foram vítimas de cyberbullying no mínimo uma vez;
  • 13% foram insultados pelo celular;
  • 87% restantes já foram ofendidos por textos e imagens enviados por e-mail ou via sites de relacionamento.

Imagem ilustrativa do cyberbullying
Esse tipo de agressão devastadora que aos poucos assola o mundo atinge até o mundo dos famosos. A artista teen Demi Lovato, recentemente contou para o mundo suas experiências sobre automutilação e bulimia, o que chocou não somente aos fãs, mas todos que conheceram a história.
Em outubro de 2010, a jovem deixou repentinamente a turnê que fazia com outros artistas da Disney pela América do Sul para ser internada em uma clínica de reabilitação nos Estados Unidos especializada em pessoas com distúrbios alimentares e casos de automutilação. A cantora ficou na clínica por cerca de 3 meses, segundo ela ‘para enfrentar seus próprios demônios’, então quando Lovato recebeu alta, muitos se perguntaram o que realmente havia acontecido com a garota, então ela foi até programas de televisão e decidiu dar seu depoimento no intuito de ajudar outras garotas que sofrem dos mesmos problemas.

Demi Lovato, se junta a um time de artistas na campanha “Love is Louder” (o amor é maior), que apoia meninas que sofrem com o bullying e tem como lema a frase “Love is Louder Than the Pressure to be Perfect”, escrito na mão da cantora que poder ser traduzido como: O amor é maior do que a pressão para ser perfeito.
Quando saiu da reabilitação Lovato tatuou “Stay Strong” (fique forte) em seus pulsos e foi ao programa 20/20 do canal americano ABC onde contou que sofreu constantes agressões indiretas na 7ª série, e a situação chegou ao ponto em que a garota chegou a pedir à mãe para ter aulas em casa. Quando questionada sobre como foi a primeira vez em que se automutilou, a estrela contou: “Doeu. Eu não entendia porque fazia isso. Vi que algumas pessoas da minha escola faziam, vi outras na televisão fazendo, e eu pensei, ‘essa é uma maneira de lidar com meus sentimentos, outras pessoas se cortam, então tudo bem’. Eu tinha 11 anos. Era um jeito de expressar minha vergonha de mim mesma, no meu corpo. Estava misturando o interior com o exterior. E, às vezes, minhas emoções estavam tão fortes que eu não sabia o que fazer, e o único jeito de conseguir satisfação instantânea era me cortando.”. Demi Lovato sofreu com o bullying e junto com isso vieram as automutilações, distúrbios alimentares, e posteriormente o colapso que a deixou internada por 3 meses em uma clínica de reabilitação. O caso de Demi é grave mas ainda existem casos piores, é crescente o número de casos de tentativas de suicídio, onde muitas vezes as vítimas alcançam seu objetivo.
Um estudo feio pela Universidade de Yale nos Estados Unidos, com mais de 37 pesquisas mundiais relacionou o bullying como uma das principais causas do suicídio – que é a 3ª maior causa de mortalidade entre os jovens -, onde este é também a motivação para 19 mil tentativas de suicídio ao ano, apenas nos Estados Unidos, onde desse número 19% dos alunos entrevistados pensaram em se suicidar; 15% traçaram estratégias para cometer o suicídio; 8,8% executaram os planos suicidas e foram interrompidos por outrem e, 2,6% foi a porcentagem das tentativas sérias o bastante que exigiram intervenções e acompanhamento médicos permanentes. Esse números assustadores servem para exemplificar casos como os do aluno Curtis Taylor, da escola secundária em Iowa, Estados Unidos que após sofrer agressões e humilhações por três anos ininterruptos suicidou-se , em 21 de março de 1993. Ou do aluno de 15 anos Jeremy Wade Delle, que suicidou-se na frente de seus colegas e professores, em 8 de janeiro de 1991, numa escola do Texas nos Estados Unidos.
Em um recente episódio, Wellington Menezes de Oliveira voltou a escola de ensino fundamental, - em Realengo, Rio de Janeiro – onde sofreu consecutivas hostilizações por parte dos colegas, e armado, matou a tiros 11 crianças de 12 à 14 anos (10 meninas e 1 menino) e feriu outras 13 (10 meninas e 3 meninos.

Garoto sofrendo agressões físicas
Mas o que realmente leva um ser humano a hostilizar o outro de tal fora a causar traumas tão grandes? Cenários de automutilações, problemas alimentares, tentativas de suicídio, o que estaria por trás dessa cortina. É só mais uma tentativa de demonstrar valentia ou medo de enfrentar os defeitos existentes em si? A Dor humana que corrói e maltrata ultrapassa agora as páginas dos livros simbolistas e pulam para a vida real, não se tratando somente do indivíduo para si mesmo, mas dele para a sociedade.


Música para ouvir enquanto se lê: Jeremy (Pearl Jam)

1 comentários:

Patrulha Esquilo disse...

Parabéns Júnior por seu trabalho...Vou usar este texto na reunião de pais de sexta - feira...
Vania Zen

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